quinta-feira, 28 de março de 2024


28 DE MARÇO DE 2024
CARPINEJAR

A polêmica cavadinha

Minha primeira reação à cavadinha do zagueiro colorado Robert Renan no pênalti decisivo contra o Juventude, que decretou a eliminação do Inter, foi de perplexidade. Considerei o ato uma afronta, um desleixo. Ele literalmente entregou a bola para o goleiro adversário como se fosse um aquecimento, esqueceu que estava definindo a classificação para uma final, para um título que seu time não ganha há sete anos.

Eu o odiei com todas as minhas forças, gastei o estoque de meus desaforos, esfolei meus pés na cadeira, queria mandá-lo embora para sempre. Transformou-se imediatamente num novo vilão, num anti-herói, numa persona non grata lá em casa.

Minha segunda avaliação da cena trágica também se mostrou agressiva: caracterizei o gesto como a manifestação de soberba e inconsequência de um jovem de 20 anos, de salto alto. Ele desceu de paraquedas no Beira-Rio, incapaz de entender a importância do momento para sua torcida, para aqueles 40 mil torcedores aflitos. Ele ainda não tinha chão no estádio, quilometragem no clube. Descolado da história da rivalidade com o Grêmio, encontrava-se sob os efeitos nefastos de uma contratação recente.

Afinal, não se brinca numa hora dessas. Melhor errar com força, como Mercado fez, do que telegrafar a cobrança com suavidade irritante. Depois, revendo o lance, diminuí um pouco a minha cólera. Já achei que ele tentou imitar a frieza de Enner Valencia, que bate o pênalti com um desembaraço budista. Já o qualificava como um infeliz discípulo.

Na manhã seguinte, em mais uma reprise, porque a penalidade virou meme nas redes sociais, especialmente pela flauta gremista, eu entendi que ele foi apenas ingênuo. Ele repetiu exatamente sua cobrança que deu certo na Supercopa da Rússia, inclusive no mesmo canto.

Atuando pelo Zenit, ele realizou também uma cavadinha que garantiu o título na temporada 2023-2024, contra o CSKA Moscou. Ou seja, nervoso e inseguro na semifinal, ele manteve o seu truque, recorrendo à batida que garantiu o troféu antes. Não quis inovar. Seguiu a sua fórmula de sucesso. Ainda que parecesse um deboche, representava sua tradição.

O que ele não atinou é que o goleiro Gabriel, do Juventude, conhecia sua fama. O chute colocado da conquista para a equipe de São Petersburgo viralizou internacionalmente na época - assim como seu erro viralizou agora.

Por isso, Gabriel nem se deslocou demais do centro das traves. Ofereceu o lado esquerdo e calculou que a bola viria fácil, manhosa, deixando-o saltar à vontade em direção a ela. A ingenuidade de Robert Renan é perdoável. Não o crucifiquem. Ele merece outra chance.

Não perdoo o Inter, que, pelo jeito, nem sequer treinou cobrança de penalidades para o desafio mata-mata. Talvez por arrogância. Se tivesse treinado, avisaria Renan que a sua mágica era manjada. Coudet confessou que não sabia do histórico do zagueiro. Nem nos treinos? Não, pois certamente não existiram.

O Inter vive me desmoralizando. É só escrever que acredito nele que vem desgraça pela frente. É muito difícil ser escritor colorado. É muito difícil, na verdade, ser colorado.

CARPINEJAR

28 DE MARÇO DE 2024
OPINIÃO DA RBS

A REALIDADE SE IMPÕE

Mesmo atrasada e comedida demais para a gravidade da situação, a nota divulgada na terça-feira pelo Itamaraty com críticas ao processo eleitoral da Venezuela traz a expectativa de que o Brasil possa ao menos estar começando a reconhecer a farsa encenada pelo ditador Nicolás Maduro. Ainda é cedo, no entanto, para ter a segurança de que o governo Luiz Inácio Lula da Silva rendeu-se ao fato de que o país vizinho não é uma democracia há bastante tempo e o autocrata no poder há 11 anos organiza uma eleição de fachada para se manter no Palácio de Miraflores. Infelizmente, não é demasiada a hipótese de Lula ter apenas feito um movimento pontual para aplacar as contrariedades da opinião pública brasileira à complacência do petista com o regime venezuelano.

A mais nova artimanha de Maduro foi o inexplicável impedimento de a oposicionista Corina Yoris registrar a sua candidatura à presidência no sistema de inscrição da autoridade nacional eleitoral por não conseguir acessar a plataforma. Corina, filósofa e professora universitária, é apoiada pela ex-deputada María Corina Machado para ser o principal nome a desafiar Maduro na eleição de julho. María, deve-se lembrar, foi inabilitada a concorrer para cargos públicos por 15 anos após vencer as primárias da oposição por maioria esmagadora no final do ano passado. A alegação é de que teria cometido "irregularidades administrativas" quando era parlamentar.

A manobra grotesca desta semana, apenas mais uma para impedir a realização de uma eleição minimamente competitiva, fez o Itamaraty publicar uma declaração dizendo que "o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país" e observar que Corina Yoris foi barrada de registrar-se sem qualquer explicação oficial. Mesmo sem qualquer exagero retórico, a nota mereceu uma resposta deselegante da Venezuela, mas compatível com a habitual truculência do regime chavista. O ministro de Relações Exteriores, Yván Gil, chegou a indicar que a declaração brasileira parecia ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos EUA.

Em outubro do ano passado, o chamado Acordo de Barbados, firmado entre o governo venezuelano e a oposição, com mediação internacional, parecia ser um sopro de esperança para a Venezuela ter eleições livres neste ano. Em troca, o país teria alívio em sanções comerciais. Tudo não passou de mero jogo de cena. Em seguida, o regime prosseguiu as perseguições e prisões de oposicionistas e não arrefeceu na ofensiva para evitar que os principais oposicionistas concorressem.

O Brasil fará uma correção de rumo acertada se continuar cobrando a Venezuela e criticando arbítrios, até que exista uma verdadeira abertura no país lindeiro. Lula e o PT, por vínculos ideológicos, têm dificuldades para reconhecer a ditadura de Maduro e a captura das instituições, o que impede pleitos justos e uma vida democrática em patamares mínimos na Venezuela. 

O resultado é a miséria do povo e violações constantes dos direitos humanos, já denunciadas pela maior parte da esquerda sul-americana. A realidade se impõe e o governo brasileiro tem de reconhecê-la. Aguarda-se que a nota do Itamaraty marque o fim da relativização da autocracia venezuelana. Aguarda-se que a nota do Itamaraty marque o fim da relativização da autocracia venezuelana

OPINIÃO DA RBS


28 DE MARÇO DE 2024
TULIO MILMAN

Efeito colateral desejado

O evento acabou, muita coisa já foi dita. O South Summit, na sua mais recente edição, chegou a um ponto de maturidade. Organização, conteúdos, fluxos, serviços, mobilidade: tudo melhorou. Mais uma vez, fui convidado a atuar como mestre de cerimônias de um dos palcos, o Demo. Basicamente, fiz a costura entre os painéis e palestras, apresentando os temas e os convidados, para depois interrompê-los, da forma mais suave possível, quando o tempo se esgotava. Trabalhei com um time altamente motivado, que uniu foco no resultado com camaradagem e respeito. 

Consegui prestar atenção em muitas das palestras. Transcrevo, a seguir, a expressão mais pronunciada nos três dias: inteligência artificial. Estamos no exato momento em que seu uso é irreversível e suas consequências imprevisíveis. É um terreno fértil para palpites, projeções, análises e chutes de todos os tipos. Faz parte do processo. Inovação é erro que leva ao acerto.

De fato, comecei este texto com a intenção de comentar um aspecto que, em 2024, me chamou ainda mais atenção. Como integrante da equipe, eu tinha a opção de entrar pelos bastidores, a parte do evento invisível a milhares de participantes. Foi ali que confirmei um dos efeitos mais poderosos do South Summit: o orgulho que as pessoas têm de trabalhar nele. Era visível, pela postura corporal, pelas palavras e pelos gestos de todos os que encontrei pelo caminho. 

Do segurança ao faxineiro, do garçom ao motorista de ambulância. A autoestima de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul fica fortalecida, a exemplo do que aconteceu na Copa do Mundo. Por isso, defendo os investimentos em grandes eventos, porque eles movimentam a economia, geram renda e empregos, mas, acima de tudo, pelo legado intangível que conversa com a alegria das pessoas e com o fortalecimento das marcas envolvidas, sejam elas de uma cidade, de um governo ou de uma empresa.

Ouvi de um conhecido que encontrei pelo caminho, entre um café e outro no estande do BRDE - aliás, o melhor café do evento: "Isso nem parece Porto Alegre", afirmou. Entendi o que ele quis dizer, por se tratar de um cenário cosmopolita e pulsante, não tão comum nesse sul de mundo abençoado. Mas, rindo, contra-ataquei. "Isso parece Porto Alegre. A pasmaceira, o caranguejismo e o ranço bravateiro é que não parecem". E o melhor de tudo é que em 2025 tem mais.

TULIO MILMAN

28 DE MARÇO DE 2024
INFORME ESPECIAL

Abrigo amigo das mulheres

Em operação em 80 paradas de ônibus de São Paulo, dez de Campinas e dez do Rio de Janeiro, o projeto Abrigo Amigo, da empresa Eletromidia, terá 2 mil novos pontos no Brasil, incluindo Porto Alegre.

Como destacou a colunista Kelly Matos, em GZH, a iniciativa é uma forma inteligente de dar mais segurança às mulheres que esperam pelo transporte público à noite.

Funciona assim: cada parada ganha um painel multimídia com câmera noturna, microfone e sensores de presença. Basta acionar o equipamento para conversar com uma atendente em tempo real, até que o ônibus chegue. A atendente vê as imagens ao vivo na parada e, em caso de emergência, é possível acionar a polícia ou o socorro médico.

O "Ovo Universo"

A criatividade da chef Teresa Cicchelero, conhecida por elaborar chocolates artesanais que mais parecem joias, não tem fim. Para esta Páscoa, a dona da Dots Chocolaterie, na Avenida Mariland, em Porto Alegre, inventou um produto inspirado no que está além do firmamento: planetas, buracos negros e os mistérios do cosmos.

O Ovo Universo (foto) é o destaque da coleção de mesmo nome, uma escultura comestível criada a partir de chocolate feito na Bélgica com cacau de Java, na Indonésia. A peça tem uma camada interna de amêndoas e damasco, pesa 500 gramas e é embalada em caixa de madeira.

Você encontra todos os detalhes sobre esta nova coleção no perfil @dotschocolaterie no Instagram ou pelo WhatsApp no número (51) 99929-9491.

JULIANA BUBLITZ

quarta-feira, 27 de março de 2024


27 DE MARÇO DE 2024
CARPINEJAR

O reinado do jamelão

Quando iniciamos uma reforma, não preservamos o que já temos, não valorizamos o que já existe, não destacamos o que é natural. O ímpeto é mudar tudo. Há grandes chances de o complemento se mostrar postiço, negando as características do próprio patrimônio.

Não percebemos o luxo daquilo que é de graça: a mata, os pássaros, a luminosidade, a brisa. Uma das fantasias ambiciosas de minha família era colocar lajes no pátio, deixar o quintal inteiro ladrilhado. Nossos cachorros extraviariam eternamente seus ossos enterrados.

Imaginávamos um amplo espaço para mesas de pedra e cadeiras fixas, direcionadas para a chaminé da churrasqueira. Receberíamos amigos e parentes para festas de aniversário, não mais convivendo com a desagradável e intempestiva poeira debaixo dos chinelos.

Imaginávamos o fim do aguaceiro, dos insetos nas pernas, do areião. Entraríamos com os dois pés na civilização da pedra. Tratava-se de uma evolução social, um upgrade de classe, uma emancipação econômica, como foi quando substituímos a casa de madeira por uma de alvenaria. Diante dos vizinhos, só faltaria a consagração de uma piscina de fundo azulado.

A reforma gerou transtornos por seis meses, consumiu a poupança dos pais, provocou discussões intermináveis sobre rombos no orçamento, até que a paz voltou a reinar com o cimento seco, com o adeus dos pedreiros.

Assim que ficou pronto, descobrimos um efeito colateral. Ninguém havia olhado para cima, para as árvores. Ninguém havia perguntado para elas o que achavam do novo território gourmet.

Com cinco pés de jamelão na área externa, a beleza do piso não durou uma semana. Os galhos bem-dotados do verão despejavam toneladas de frutas a tingir as lajes, apagando os desenhos e curvas. Os móveis fixos acabavam inviáveis para a acomodação, pois os bagaços manchavam as roupas dos mais incautos.

Não tinha como limpar. Não tinha como varrer. Toda manhã, a mãe iniciava conosco uma cruzada com a mangueira, para derramar água sanitária pela sua extensão e tentar remover, armada de rodo e esfregão, as golfadas roxas de brilho intenso. Consumia galões de água sanitária diariamente. Ela já pagava uma segunda reforma em paralelo, apenas com produtos de limpeza. De nada adiantava o esforço do mutirão, 40 minutos depois o bosque repatriava o seu domínio de cor e fúria.

O pátio, antes tão frequentado com as cadeiras dobráveis de praia, repleto de interações alegres na roda do chimarrão, tornou-se um quadrado abandonado, nosso elefante lilás. Mal acompanhávamos, antes da construção, o quanto o solo drenava as frutas descomplicadamente. Perdemos a guerra para a natureza. De costas para ela, sempre perderemos.

CARPINEJAR

27 DE MARÇO DE 2024
OPINIÃO DA RBS

A CAPITAL E SUAS VOCAÇÕES

Aos 252 anos, celebrados ontem, a capital dos gaúchos vê de forma mais clara as vocações que pode explorar para construir um futuro mais próspero e com melhor qualidade de vida para os seus cidadãos nas próximas décadas. Pode-se afirmar que uma parte significativa desse potencial é sintetizada pelo South Summit Brasil, cuja terceira edição foi realizada na semana passada. Trata-se, afinal, de um evento sobre inovação que traz milhares de visitantes para Porto Alegre em uma área histórica e de paisagem natural ímpar.

Estão aí alguns dos principais vetores do progresso para a Capital. A inovação torna-se cada vez mais uma marca local, a partir de um esforço de alguns anos em consolidar a cidade como polo de desenvolvimento de novas soluções tecnológicas. Um marco importante dessa fase foi o surgimento do Pacto Alegre, há cinco anos, que uniu universidades, empresas, poder público e a sociedade civil nesse propósito. Daí surgiram frutos, como o Instituto Caldeira, experiência que também começa a ser replicada no Interior.

O turismo é outra área de potencial. Em especial o de eventos, espalhando benefícios para diversos ramos do comércio e dos serviços. A atração de visitantes, para compromissos ou viagens a lazer, pode ainda tanto se beneficiar como incrementar ainda mais as atividades turísticas em outras regiões. Não só na Serra, a mais conhecida nacionalmente, mas nas demais localidades do Estado, ricas em belezas da natureza e particularidades culturais. Algo como um pacote, uma oportunidade para conhecer mais de um destino como prolongamento de uma viagem.

Mas, para ampliar a capacidade de a Capital receber congressos e fóruns, seria bem-vindo um centro de eventos à altura das necessidades. Este é um dos pontos listados no manifesto da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) como uma das iniciativas necessárias para alavancar o desenvolvimento do município. Felizmente, há a previsão de um projeto do gênero no trecho 2 da orla do Guaíba, a ser revitalizado com uma parceria público-privada (PPP).

As áreas costeiras, deve-se reconhecer, passaram por uma grande transformação nos últimos anos, elevando a autoestima dos porto-alegrenses. Os trechos já reformados, com atrativos e infraestrutura para esportes e lazer, fizeram a população se reconciliar com o Guaíba e tornaram a região um ponto democrático de convivência. O Cais Embarcadero qualificou a Orla com uma oferta de gastronomia variada. Espera-se que, em breve, o projeto do Cais Mauá traga novos motivos de satisfação para Porto Alegre. O empreendedorismo, o emprego e a renda vão inexoravelmente a reboque.

Assim, unem-se tendências econômicas a aspectos humanos, culturais e naturais para dar novo impulso à Capital. Além desses trunfos, merece ser ainda citada outra característica da cidade, a de hub de serviços de saúde. Os anos recentes foram pródigos na construção de complexos da área, consolidando a cidade como referência nacional em diversos tipos de atenção.

Como toda metrópole, Porto Alegre também tem mazelas a enfrentar. É preciso, por exemplo, avançar na qualidade da educação pública. Há sérios problemas na limpeza urbana e na infraestrutura viária. Persistem dificuldades, como na segurança, para dar vida ao Centro Histórico. Os emaranhados de fios nos postes não são apenas questão de poluição visual, mas também de risco de acidentes. 

Com a eleição municipal se aproximando, o eleitor tem neste ano nova oportunidade de cobrar propostas sérias para estes e outros temas de candidatos à prefeitura e ao Legislativo. Solucionar antigos problemas e estimular potencialidades é o caminho lógico para a Capital crescer economicamente de forma inclusiva, tornando a cidade um lugar melhor para os seus habitantes e motivo orgulho para todos os gaúchos.


27 DE MARÇO DE 2024
MÁRIO CORSO

Educar para o mundo digital

Na semana passada, um incidente em um colégio de Porto Alegre acabou na polícia. Vamos ao fato: alguns alunos usaram inteligência artificial para alterar uma fotografia. Em uma foto de mulheres nuas, eles inseriram o rosto de algumas de suas colegas. Autores e vítimas com aproximadamente 14 anos.

Coloquem-se no lugar de uma adolescente, naquela idade em que a insegurança social está no seu auge. Ou no lugar dos pais que tiveram uma filha exposta dessa forma. Lembrem: quando algo cai na rede, é impossível deletar todas as cópias.

A situação dos pais dos jovens infratores não é melhor. O que seus filhos fizeram é indefensável e indesculpável. Os autores vão descobrir os limites da lei da pior forma. Para a escola é um desgaste - queiram ou não, pode-se pensar que lá os alunos não estariam protegidos.

Porém, em qualquer escola isso poderia ter acontecido, porque não existe no currículo, de nenhuma, uma disciplina que aborde o tema da ética para o mundo digital. Não seria fácil, porque a ética como abstração ainda está distante para alunos dessa idade. Mas um espaço onde se pudesse discutir sobre eventos como esse, e tantos outros, não seria difícil. E se poderia examinar quais foram as consequências para todos os envolvidos nas "brincadeiras" desse tipo.

Mas não seria uma obrigação dos pais a educação para o mundo digital? Em tese, sim; mas veja, está na mão deles e isso aconteceu. O fato não é um exemplo isolado, apenas ganhou dimensão pela gravidade. É do cotidiano das escolas, e dos pais, apagar incêndios por publicações inadequadas dos alunos nas redes sociais. Em algumas que foram descobertas pelo colégio, ou pela polícia, bullying, racismo, misoginia, homofobia e intolerância religiosa eram feijão com arroz.

Estamos na mesma esfera da educação sexual, os pais não fazem e se enfurecem se a escola fizer. Temos como resultado jovens desorientados, buscando informação sexual na internet e entre seus coetâneos. Portanto, educados pela pornografia e pela falta de noção dos colegas.

O aperfeiçoamento ético, o desenvolvimento da empatia, o respeito às diferenças não vêm com a idade. Os jovens precisam de adultos que os ajudem na assimilação das regras para viver em sociedade.

Julgo os autores da foto adulterada menos como delinquentes - embora creia necessária uma punição - do que como órfãos de pais educadores.

MÁRIO CORSO


27 DE MARÇO DE 2024
INFORME ESPECIAL

Pedra da Lua

A famosa pedra da Lua, em Bagé, poderá ser incluída no rol de bens vendidos para a quitação de dívidas trabalhistas do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp). Trazida por astronautas à Terra, a pedra foi doada pelo ex-presidente dos EUA, Richard Nixon, ao general Emílio Médici nos anos de 1970. À época, o mandatário brasileiro (e bajeense) deu o objeto ao museu da Urcamp. A possibilidade de venda foi definida com mediação do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região.

Uma líder religiosa na sinagoga

Pela primeira vez, uma mulher se tornou líder religiosa de uma sinagoga no Rio Grande do Sul. Milene Unikowski (foto) assumiu a função na Sociedade Israelita Brasileira de Beneficência e Cultura (Sibra), em Porto Alegre, na última semana.

Com longa trajetória de estudos e atuação na comunidade judaica, Milene é professora do Colégio Israelita, na Capital. Ela está em processo de formação para se tornar rabina pelo Instituto Rabínico Ibero-americano, de Buenos Aires, na Argentina.

- Assumir a nova função é uma responsabilidade enorme e uma honra muito grande também. Fiquei muito feliz com o convite. Na Sibra, acreditamos em um judaísmo igualitário, em que homens e mulheres tenham o mesmo espaço - diz Milene, que dará continuidade ao trabalho do rabino Guershon Kwasniewski.

A nomeação é um marco não só na Sibra, mas também em todo o sul do Brasil.

JULIANA BUBLITZ

terça-feira, 26 de março de 2024


26 DE MARÇO DE 2024
CARPINEJAR

Honremos o amor

Honremos o nome do amor. Não tomemos seu santo nome em vão. Ninguém mata por amor, ainda que tenha sido traído, ainda que tenha sido vilipendiado, ainda que tenha sido enganado.

É uma heresia associar o crime ao amor, é uma mentira juntar crime e paixão. Crime passional não existe, o que existe é crime covarde, praticado contra quem não consegue reagir ou entender o que está acontecendo.

Não use o sagrado nome do amor indevidamente, conferindo o seu poder de criação a uma sanha de destruição, emprestando a sua fertilidade para a zona mais sombria, turva e estéril do coração. O amor é um sopro de coragem, um beijo cálido, jamais arrancará o último suspiro de uma vítima indefesa.

Não o pronuncie levianamente. Senão estará alegando que o amor que há no berço, na maternidade, com uma mãe segurando seu filho no colo, é o mesmo amor que a põe estendida, fria e inerte na cama de metal do necrotério, a ser identificada por um bebê que sequer fala.

Não confunda o amor com o ódio. Muito menos blasfeme que o ódio é a sua nascente ou a sua extensão. Os dois jamais coexistem - escolha a qual senhor vai servir.

O amor prevalece na hora derradeira, não é derrotado pela cólera. O amor vence no meio da história, antes de o fim ser fim. O amor não é um pacto diabólico, mas livre-arbítrio.

Queridos advogados, queridos defensores, não chamem de amor o que foi o contrário do amor, o oposto do amor, o antagonista do amor, para sensibilizar ou comover o júri. Quem ama não mata. Não justifique o inominável. Réus matam por um desamor que já consumia seus dias, muito anterior ao desenlace. Não eram gentis antes, não eram cordatos antes.

Não foram possuídos de repente por uma sede sanguinária, por uma força justiceira. Deram de comer secretamente, gradualmente, em seu interior, ao monstro da desconfiança. Alimentaram-no com as suas próprias almas. Ciúme e possessividade não vêm do amor, vêm do nojo ao belo, do repúdio ao vivo, da aversão ao espontâneo e às escolhas da existência.

Não incrimine o amor. A ovelha não tem culpa se a sua lã acabou sendo empregada como forca. Amor não é morte. Amor não é inclemência. Amor não é tortura. Amor não é emboscada. Amor perdoa a vida dentro de cada um, deixa que cada um siga a sua vida.

O amor nunca será a causa de um homicídio. Nunca falará pela língua do fogo e das armas, do punho e das facas. Não corrompa o idioma dos anjos, dos poetas, dos músicos, dos enamorados.

Quem realmente ama prefere sofrer sozinho a ver o outro sofrer. Prefere se calar a ter razão. Prefere abrir a porta a se resignar com uma companhia infeliz. Amor é a liberdade de ser largado, de ser abandonado, de ser recusado. É muito maior do que ficar junto. Honremos a dádiva do amor.

CARPINEJAR

26 DE MARÇO DE 2024
OPINIÃO DA RBS

O CASO MARIELLE E O ESTADO CORROÍDO

Bastou disposição para a Polícia Federal (PF), em pouco mais de um ano de investigações, prender os prováveis mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, e apresentar as possíveis motivações. Eram respostas aguardadas havia seis anos, desde a execução do crime, na noite de 14 de março de 2018. Não houve espanto no apontamento do deputado federal Chiquinho Brazão (ex-União-RJ) e do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão como responsáveis por encomendar o homicídio. As suspeitas em torno dos irmãos já existiam. A grande surpresa foi a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, que à época era chefe de Polícia do Rio, acusado de ter participação no planejamento do assassinato da vereadora. Era de Barbosa a responsabilidade de desvendar o caso e, para isso, ele contava até mesmo com a plena confiança da família de Marielle.

Deve ser saudada, portanto, a elucidação do crime. Os executores já estavam presos desde 2019. Entre eles, o autor dos disparos, o policial militar reformado Ronnie Lessa, cuja delação, homologada na semana passada, foi decisiva para o desfecho. Mas, ao mesmo tempo que as prisões dos envolvidos trazem alívio e esperança de justiça, o caso como um todo e seus detalhes revelam um grande desafio para as autoridades do Rio e mesmo do governo federal.

Ao se desvendar o assassinato, se desnudou em pormenores o altíssimo grau de contaminação das estruturas do Estado pela delinquência organizada. É alarmante o quanto as instâncias de poder foram infiltradas para manter a impunidade de crimes e contravenções, como o jogo do bicho, as atividades milicianas, os assassinatos a soldo e a corrupção policial. Autoridades de alto escalão e agentes da segurança pública, que deveriam servir à sociedade e combater criminosos, passam a atuar a serviço da bandidagem e se utilizar dela. Basta lembrar que entre os personagens apontados como envolvidos no caso Marielle estão um deputado federal, um conselheiro de Tribunal de Contas, um ex-chefe de polícia, um delegado, um comissário e ex-PMs.

No Rio, a perpetuação dos esquemas mafiosos envolve sabotagem a investigações que tentam ir a fundo para desvendar os crimes com a participação das milícias. Foi o que levou à demora para se solucionar a morte da vereadora e do motorista.

É ainda uma engrenagem que, para se defender e se fortalecer, espalha tentáculos pela política e influencia eleições. Tudo se funde para assegurar a continuidade impune dos negócios ilícitos. O caso Marielle, pelas entranhas expostas do crime organizado, traz um alerta. É preciso extrema vigilância e cuidado constante para evitar um contágio minimamente semelhante em outros Estados e nos demais níveis do poder público.

Há ainda uma oportunidade. Além da responsabilização dos envolvidos, o episódio rumoroso abre espaço para que se continue a puxar o fio da meada para um processo de depuração nas instituições do Rio, Estado que tem cinco ex-governadores presos nos últimos anos. Muito dependerá de uma mobilização da própria sociedade local, dos bons policiais e das lideranças sem vínculos com o submundo. Mas também da pretensão federal de continuar, por meio da PF, a desvendar casos conexos, contribuindo para o saneamento dos órgãos públicos fluminenses. Resta saber se haverá disposição para esse enfrentamento.



26 DE MARÇO DE 2024
REMUNERAÇÃO

Mulheres recebem 19,4% menos do que homens

Os ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres apresentaram, ontem, o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios. Os dados apontam que as mulheres ganham 19,4% menos do que os homens no Brasil, sendo que a diferença varia de acordo com grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença de remuneração chega a 25,2%.

O levantamento contém um balanço das informações enviadas por 49.587 estabelecimentos com cem ou mais empregados. Juntos, eles somam 17,7 milhões de funcionários. Os dados considerados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022.

A exigência do envio de dados atende à Lei nº 14.611, que dispõe sobre a Igualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios entre Mulheres e Homens, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em julho de 2023. Pela primeira vez, é possível conhecer, de forma ampliada, a realidade remuneratória dos trabalhadores nas empresas e suas políticas de incentivo à contratação e de promoção na perspectiva de gênero.

Foram apresentados dados nacionais de remuneração média e salário contratual mediano para mulheres e homens, além das realidades em cada unidade da federação. O Distrito Federal é a unidade com menor desigualdade: elas recebem 8% a menos que eles, em um universo de 1.010 empresas, que totalizam 462 mil ocupados. A remuneração média é de R$ 6.326,24.

Negras

No recorte por raça/cor, as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho (2.987.559 vínculos, 16,9% do total), são as que têm renda mais desigual. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89, correspondendo a 68% da média, a dos homens não negros é de R$ 5.718,40 (27,9% superior à média). Elas ganham 66,7% da remuneração das mulheres não negras.

Mulheres recebem 19,4% menos do que homens

Os ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres apresentaram, ontem, o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios. Os dados apontam que as mulheres ganham 19,4% menos do que os homens no Brasil, sendo que a diferença varia de acordo com grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença de remuneração chega a 25,2%.

O levantamento contém um balanço das informações enviadas por 49.587 estabelecimentos com cem ou mais empregados. Juntos, eles somam 17,7 milhões de funcionários. Os dados considerados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022.

A exigência do envio de dados atende à Lei nº 14.611, que dispõe sobre a Igualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios entre Mulheres e Homens, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em julho de 2023. Pela primeira vez, é possível conhecer, de forma ampliada, a realidade remuneratória dos trabalhadores nas empresas e suas políticas de incentivo à contratação e de promoção na perspectiva de gênero.

Foram apresentados dados nacionais de remuneração média e salário contratual mediano para mulheres e homens, além das realidades em cada unidade da federação. O Distrito Federal é a unidade com menor desigualdade: elas recebem 8% a menos que eles, em um universo de 1.010 empresas, que totalizam 462 mil ocupados. A remuneração média é de R$ 6.326,24.

Negras

No recorte por raça/cor, as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho (2.987.559 vínculos, 16,9% do total), são as que têm renda mais desigual. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89, correspondendo a 68% da média, a dos homens não negros é de R$ 5.718,40 (27,9% superior à média). Elas ganham 66,7% da remuneração das mulheres não negras.


26 DE MARÇO DE 2024
NILSON SOUZA

O rio e a lenda

A cidade dos meus andares completa hoje mais um outono. Temos, sim, belas primaveras por aqui, com praças floridas e calçadas pintadas de pétalas lilases e amarelas, mas contamos a passagem dos aniversários da Capital em outonos porque nesta estação está a data oficial da fundação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais - nome antigo da cidade, que logo, por injunções políticas, foi substituído por Freguesia de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre.

Nasci porto-alegrense e tenho certeza de que amaria minha aldeia natal com qualquer nome, mas confesso minha simpatia pela denominação histórica de Porto dos Casais. Deve ser em razão de meu sangue açoriano. A troca do santo pela madre não me afeta em nada, até mesmo porque ando de nariz torcido com um certo autoritarismo religioso que agora deu para se invocar até com uma das lendas urbanas mais cativantes da cidade - a história da maldição do escravo Josino sobre a Igreja das Dores.

Ora, vão rezar, gente!

E, por favor, incluam em vossas preces o nosso rio. Este, sim, está a merecer orações fervorosas. Ok, podem chamá-lo de estuário, lago, delta, ou o que lhes parecer mais adequado, mas a verdade é que precisamos cuidar melhor dele e respeitá-lo mais. Cada vez que vejo uma fotografia antiga daquela área onde se localiza hoje o trecho 3 da Orla, levo um susto retroativo. O novo espaço ficou lindo, mas dói constatar o quanto já esprememos esse rio que nos sacia a sede desde a formação das primeiras povoações locais. Não faz muito, suas águas lambiam o Pão dos Pobres e o Asilo Padre Cacique. Agora, estão separadas dessas instituições por avenidas, parques, quadras de esporte, calçadas e prédios.

Mas isso nem é o pior. Doloroso mesmo é saber que já se tornou praticamente irreversível a poluição causada por esgotos domésticos e produtos químicos lançados diariamente por pessoas e fábricas no manancial de água que percorre vários municípios da Região Metropolitana. O rio da minha aldeia virou um lixão aquático. As praias da Zona Sul, onde me banhei na infância da minha atual vida - portanto, há menos de um século -, estão hoje tomadas por bandos de urubus.

O rio da minha aldeia não tem motivos para celebrar este aniversário da cidade que o sequestrou de sua natureza e que continua a maltratá-lo. Rezemos por ele! E por Josino, que também está sendo ameaçado de despejo póstumo da própria história por gente de pouca tolerância e nenhuma imaginação.

NÍLSON SOUZA

Por quê?

Assim é a guerra. Você não entende como começou. Você não entende de que lado estão os bandidos. Você não entende quem mata. Você não entende onde estará seguro.

Você conclui, primeiro, que são balas perdidas, acidentes, assaltos isolados, tragédias avulsas. Deixa passar. Crianças saindo da escola tombam, adolescentes saindo da igreja tombam, casais saindo de festa tombam. Você tenta criar uma justificativa para o fim desses inocentes: bairro perigoso, briga de tráfico...

Só que não faz sentido tanta morte. Não pode ser exceção, não pode ser casualidade, não pode ser coincidência. Existe um padrão. Porque a maior parte das vítimas é negra, é da favela, é pobre.

Vão desaparecendo trabalhadores, gente apegada à família, executada na madrugada, no silêncio da noite. Logo o descaso não espera nem o sol descer, a matança já não tem pudor da luz dos olhos das testemunhas. O crime não é solucionado porque há outro e outro acontecendo. Parece epidemia, mas não é. A generalização leva à banalidade, que desenvolve o medo. As notícias não duram 24 horas, apenas mudam os nomes dos óbitos. Você parte de um enterro para um novo. Ninguém pergunta nada para não morrer junto. Aceita-se que é assim, que é uma guerra. A realidade torna-se cada vez menos autêntica.

Descobrir os mandantes do assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta em março de 2018, não era causa de um partido político ou de uma bandeira da esquerda, era interesse de todos nós, brasileiros. Dependíamos dessa resposta para não sentir que a justiça foi menosprezada pela impunidade. Dependíamos dessa solução de doloroso enigma para entender que ainda existem decência e probidade administrativa no país.

O bordão "Marielle presente", que ecoou nos últimos anos em qualquer mobilização popular, mostra que as pessoas que se viam representadas pelos ideais de Marielle assumiram o compromisso de também representá-la com suas existências e protestos.

Ela se tornou uma multidão, uma nação à procura da verdade.

Pela primeira vez em seis anos, parece que chegamos ao topo da cadeia que articulou o homicídio da quinta vereadora mais votada do RJ, ativista dos direitos humanos, fuzilada com quatro tiros na cabeça dentro de seu carro, a sangue-frio, com selvageria, com ódio, covardemente, como se uma pessoa fosse um mero arquivo deletado. Tentaram apagar assim - em vão - também sua indignação, seus posts nas redes sociais, suas interrogações sobre o estado policial, sua voz vivaz e intensa de inquietações. No extermínio, morreu junto o seu motorista Anderson Gomes.

A Polícia Federal prendeu, neste domingo, três suspeitos: o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.

Segundo a operação conjunta entre a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro, chamada de Murder Inc., os envolvidos são investigados na condição de autores intelectuais do homicídio. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça.

A homologação no STF da delação do ex-policial Ronnie Lessa, apontado como responsável pelos disparos que mataram a parlamentar e o motorista, foi determinante para a evolução do caso.

Todos são do alto escalão do poder. O que prova que era uma vítima escolhida a dedo, monitorada, vigiada, como numa ditadura. Aliás, disso ninguém tinha dúvida.

Elucidada a primeira questão que parou o Brasil - quem mandou matar Marielle -, o que queremos saber agora é a motivação política: por quê? Terá sido unicamente a grilagem de terras ou vai além?

CARPINEJAR 

25 DE MARÇO DE 2024
OPINIÃO DA RBS

OPINIÃO DA RBS

Jovens "nem-nem", um desafio do país

Um dos obstáculos para o país ter um futuro de maior crescimento econômico e menor desigualdade está na grande parcela de jovens que não estuda e não trabalha. É um contingente conhecido como "nem-nem". As informações do módulo anual sobre educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE, divulgadas na sexta-feira, trouxeram novos números para esse preocupante fenômeno. A notícia positiva é que o percentual caiu nos últimos anos. Mas ainda é alto demais e seria preciso acelerar o ritmo de queda.

Conforme o IBGE, 19,8% dos brasileiros entre 15 e 29 anos não estudavam nem trabalhavam em 2023. O percentual era de 20% em 2022 e de 22,4% em 2020. O Rio Grande do Sul está em uma situação bem melhor. No ano passado, entre os gaúchos dessa faixa etária, 12,6% eram "nem-nem", o segundo menor percentual do país. Ainda assim, o Estado não deve se dar por satisfeito e tem de buscar formas de calibrar as políticas públicas para melhor combater essa chaga social.

De acordo com a pesquisadora do IBGE Adriana Beriguy, responsável pelo trabalho, a principal razão para a diminuição do grupo nos últimos anos foi a absorção pelo mercado de trabalho. Ou seja, não foi a escola. O ideal seria que os jovens continuassem pelo maior tempo possível os estudos, para depois, mais qualificados e instruídos, estarem aptos para conseguir melhor colocação, com renda digna.

Os jovens "nem-nem" são pessoas que não estão se preparando para uma futura vida profissional nem inseridas na economia. Ao fim, essa situação causa um impacto não apenas para si e suas famílias, mas para o próprio país. É potencial desperdiçado. Mesmo que um dia venham a obter uma colocação, serão sujeitos menos produtivos, acabarão mal remunerados e terão uma vida útil menor no mercado de trabalho. Dessa forma, tendem a contribuir para perpetuar o ciclo de desigualdade, ou ao menos fazer com que o país como um todo avance menos do que deveria em seu desenvolvimento. 

Diversas pesquisas vêm tentando estimar o quanto de riqueza o país deixa de produzir devido a esse cenário. Utilizando parâmetros diferentes, como a idade de 18 a 24 anos, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) calculou, no início do ano, que o PIB brasileiro em 2022 poderia ter tido um incremento de R$ 46,3 bilhões caso todo esse grupo estivesse inserido na economia.

Os recortes do trabalho do IBGE, aliás, mostram a repetição das assimetrias sociais conhecidas. Entre as mulheres jovens o percentual da população chega a 25,6%, enquanto o dos homens cai para 14,2%. Entre elas, a gravidez precoce é uma das principais razões. Outro detalhamento indica que entre pretos e pardos o percentual "nem-nem" sobe para 22,4%, enquanto para os branco é reduzido para 15,8%.

A solução para esse panorama desolador é complexa. Passa pela qualificação do ensino público e por esforços para evitar a evasão escolar. São positivas, nesse sentido, iniciativas como o recém-lançado programa Pé-de-Meia, do governo federal, voltado a alunos do Ensino Médio oriundos de lares beneficiados pelo Bolsa Família. Eles recebem um incentivo mensal de R$ 200, mais R$ 1 mil a cada fim de ano letivo, para permanecerem na sala de aula. É o mesmo espírito do Todo Jovem na Escola, do governo gaúcho, que já beneficiou, pelas contas do Palácio Piratini, cerca de 160 mil estudantes do Ensino Médio.

Programas do gênero colaboram, mas não são o suficiente. Também há evasão no Ensino Fundamental. De outro lado, a qualidade do ensino público também é imprescindível para que os jovens consigam se preparar melhor para o mundo do trabalho. É importante ainda manter a estabilidade macroeconômica, evitando crises que muitas vezes fazem crianças e jovens abandonarem a escola para ajudar no sustento imediato das famílias. Diminuir de forma relevante o contingente "nem-nem" significa dar expectativa de futuro digno e de cidadania para um grande número de jovens e aumentar as chances de o país encontrar o caminho de um progresso mais inclusivo.


As impressões de quem veio de fora sobre a Capital

Nos últimos dias, Porto Alegre recebeu visitantes de diferentes partes do Brasil e do mundo. O South Summit, realizado até a noite de sexta-feira, reuniu grande variedade de descendências e histórias. ZH entrevistou seis desses visitantes, que deram suas impressões sobre a cidade.

O angolano Narrador Kanhanga, 41 anos, trabalha com comunidades de imigrantes e refugiados do Rio Grande do Sul.

- Neste ano, a questão da diversidade esteve mais presente no South Summit - afirma:

- Vi muita startup de favela.

Estima-se que pessoas de mais de 50 nacionalidades se fizeram presentes no evento. Por alguns dias, foi comum escutar diálogos em espanhol e inglês pela cidade. Kadi Kokoye, que é empreendedor e tem 37 anos, veio de Benin, na África Ocidental. Ele compartilhou o que sentiu na visita:

- Gostei da diversidade das empresas. A tecnologia tem muito da questão social envolvida.

Fatima Censi, empreendedora de 40 anos, caminhava com um hijab (o véu islâmico). Natural de Porto Alegre, ela é muçulmana e descendente de árabes. Já a bancária Vanessa Altíssimo, 34, é bancária e descendente de argentinos e italianos. Veio de Camaquã buscando entender o comportamento de consumo.

- (Vim) Para ver as pautas ambientais, de vulnerabilidade e de hiperpersonalização do consumo - conta, citando que também procurava compreender como essa diversidade de olhares pode contribuir para o seu trabalho.

Doutorando no curso de Sensoriamento Remoto, Mauricio Kenji Yamawaki, 35, descende de japoneses. Ele participou da competição do South Summit. E festejou as possibilidades de networking na cidade. A analista de canais digitais da companhia aérea Azul, Maria Heloisa, 26, veio de São Paulo para o evento.

- Tento entender o que podemos trazer para a empresa - ela explica, sobre seu trabalho e sua relação com o evento. - É legal ter o contato com startups e assistir às palestras - finaliza.

ANDRÉ MALINOSKI 

Como a inovação pode agregar valor à produção de alimentos Vindima encerrada

O agronegócio não ficou de fora do South Summit Brazil, evento que ocorreu na última semana e colocou Porto Alegre, pelo terceiro ano, no mapa mundial da inovação.

Hub que busca soluções para os desafios da produção de alimentos, o Celeiro Agfood Hub integra produtores, empresas, cooperativas, agroindústrias, varejo, restaurantes, startups, pesquisadores e investidores com o objetivo de gerar oportunidades e conexões para esses diferentes atores.

Localizado no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), com 20 startups incubadas, o Celeiro foi uma das "paradas" da Rota da Inovação, na sexta-feira, evento que fez parte da programação do South Summit.

A partir da fusão dos hubs de agronegócio e foodtech do Tecnopuc, o Celeiro atua em meio a um "universo de possibilidades", segundo o coordenador, Luís Villwock, que é professor da Escola de Negócios da PUCRS.

Entre as iniciativas em desenvolvimento, por exemplo, há empresas dentro da iniciativa que trabalham para aumentar em quase 30 dias o tempo de prateleira de frutas como maçã, manga e mamão após a colheita - o que permitiria a exportação para destinos distantes do Brasil, como a China. A tecnologia consiste em um filme que retarda a respiração celular dessa fruta, mantendo a qualidade in natura por muito mais tempo.

- Imagina o que isso pode repercutir em termos de agregação de valor para o nosso segmento de fruticultura - disse Villwock, em entrevista ao Campo e Lavoura, da Rádio Gaúcha, que foi ao ar ontem.

Da mesma forma, o professor cita o desenvolvimento de carnes produzidas em laboratório - embora não haja consenso sobre a nomenclatura desse produto:

- Não é eliminar a pecuária tradicional, mas dar mais alternativa ao consumidor.

A Cooperativa Vinícola Aurora encerrou na última semana a safra 2024 com o recebimento de 50,3 milhões de quilos de uva - volume 28,6% inferior a 2023.

A menor quantidade registrada tem relação com o fenômeno climático El Niño, que influenciou em todos os ciclos da videira.

O gerente agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora, Maurício Bonafé, explica que castas como a chardonnay e a riesling Itálico, destinadas para espumantes, e as uvas americanas e híbridas, utilizadas na elaboração do suco de uva integral, apresentaram as características ideais para os produtos elaborados pela empresa. O baixo índice de chuvas de fevereiro beneficiou a qualidade de variedades tintas.

CAMPO E LAVOURA 

segunda-feira, 25 de março de 2024

Comercial Zaffari abre 1º Stok Center de 2024 e novo ciclo de expansão

Nova loja fica em São Borja e reforça a presença do Stok Center nas Missões e Fronteira

Foi dada a largada para o novo ciclo de expansão do rei dos atacarejos no Rio Grande do Sul, como a coluna Minuto Varejo chama o Stok Center, da Comercial Zaffari, de Passo Fundo, e maior rede do formato no Estado.

LEIA MAIS: "Queremos fechar 2027 com 60 Stok Center", diz presidente

A marca abriu a 31ª unidade, consolidando-se como a maior rede do formato em território gaúcho, e terá mais seis pela frente em 2024 distribuídas entre o Planalto, Vale do Taquari, Litoral Norte, Serra e Região Metropolitana e Sinos.

A sequência de aberturas será Sarandi, Venâncio Aires, Torres, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Caxias do Sul, com a terceira loja. "Todas as lojas estão em construção. Para 2025, já tem novas lojas definidas", detalhou o vice-presidente do grupo, Tiago Zaffari, durante a revelação dos vencedores do Marcas de Quem Decide de 2024. O Stok Center ganhou pela primeira vez como atacarejo preferido dos gaúchos.  

O grupo supermercadista, terceiro maior do setor no Estado - atrás da Companhia Zaffari (Grupo Zaffari) e Carrefour -, pretende dobrar de tamanho, em número de lojas, até 2027, segundo informação repassada pelo presidente da Comercial, Sérgio Zaffari, à coluna.

A mais recente unidade a ser aberta, no dia 19,  fica em São Borja, na fronteira com a Argentina. É a segunda na região. Em 2023, Uruguaiana ganhou uma unidade da bandeira. Com a loja, o grupo chega a 41 filiais, pois tem 10 de supermercado de vizinhança, um deles em Porto Alegre, e o restante na sede e cidades vizinhas. O foco da rede é crescer em atacarejos. 

Em São Borja, o Stok Center fica na avenida Presidente João Goulart, 935, no bairro Paraboi. O ponto vai abrir de segunda a sábado, das 7h às 22h, e aos domingos, das 7h às 13h.

O mix tem 7,8 mil itens. A área total construída tem 10,3 mil metros quadrados. A unidade soma 4,2 mil metros quadrados de área de vendas, além de 334 vagas de estacionamento. São 180 funcionários na operação. O grupo tem mais de 6 mil trabalhadores.

Para marcar a chegada à cidade, a Comercial doou 700 cestas básicas para famílias carentes, segundo nota do grupo.

O ano de 2024 vai ser recordista em expansão de unidades. Em 2023, foram abertas seis: Uruguaiana, Alegrete, Soledade, Porto Alegre, Alvorada e Esteio. 

Mais redes ampliam a atuação em atacarejos. A Via Atacadista, do grupo Passarela, de Santa Catarina, abriu a primeira loja em Porto Alegre no começo de março e programa mais unidades no Estado. Outro catarinense, o grupo Pereira, vai abrir mais pontos do seu Fort. O Grupo Zaffari estreará mais duas filiais do Cestto este ano.

O Imec, do Vale do Taquari e dona da bandeira Desco, anunciou plano de expansão para ter mais 15 atacarejos entre este ano e 2028.

Rede focada no modelo de vizinhança, o Asun terá mais lojas físicas este ano, mas também fecha pontos, como um em Canoas.

Brique da Redenção comemora 46 anos com programação especial

Evento teve música, dança e desfile de carros antigos para marcar os festejos dos 46 anos

Alex Rocha/PMPA/JC

"Passear pelo Brique num alto astral", como eternizou Isabela Fogaça, é uma tradição para muitos porto-alegrenses. A música Porto Alegre é Demais, inclusive, tocava no palco montado especialmente para a comemoração dos 46 anos do aniversariante, neste domingo (24), ao lado do Arco.

O Brique que expõe bancas de artesanato, artes visuais e antiguidades ao longo da Av. José Bonifácio, recebeu programação com direito a apresentações musicais e de dança, além do tradicional desfile e exposição de carros antigos do Veteran Car Club do Brasil RS.

O expositor Ivo Espíndola participa há 12 anos do Brique e afirmou que "quando não venho, sinto que falta algo", disse. Na sua banca, ele vende antiguidades, como louças de porcelana, ferros de passar e máquinas antigas. Para comemorar o aniversário da feira, Ivo trouxe uma eletrola dos anos 1950 restaurada. Na playlist, os clássicos de Elvis Presley, um de seus cantores favoritos. "O pessoal passa e fica encantado. É como voltar no tempo. Geralmente não trago, é uma eletrola grande, mas como é aniversário do Brique, resolvi trazer", explicou. Na visão dele, o Brique é encantador e não pode mudar muito, senão "perde sua essência". 

Já o expositor e fotógrafo Carlos Alberto, ou Lithus, como é conhecido artisticamente, discorda e acha que algumas coisas precisam mudar. Apesar de ter muito carinho por Porto Alegre e pelo Brique da Redenção, parque extensamente representado em suas obras - o que gera elogios dos transeuntes que passam por sua banca - ele acredita que a cidade e o Brique deveriam estar mais bem cuidados. "A Redenção tem muitos recantos com esculturas, mas muito do patrimônio está quebrado. Não tem um chafariz que esteja funcionando". Ele também criticou a venda de produtos por ambulantes. "Você faz um trabalho que exige tempo, que custa. E na frente tem gente vendendo produtos que vem da China", ponderou. Em celebração ao aniversário, ele estava oferecendo fotos de Porto Alegre como brinde para quem adquirisse alguns dos quadros.

O diretor do grupo Carros de Evento, Rogério Hubbe, participou do desfile em comemoração aos 46 anos do Brique. Embora estivessem presentes diversos donos de carros antigos, como proprietários de Fusca, Rogério garante que o evento é para todos os carros e para todas as famílias. "É para a família inteira, então contamos sempre com espaço pet, infantil, gastronomia e música para que todos possam aproveitar nos locais em que estamos", destacou. A presença na Redenção foi marcada por curiosos que paravam para olhar a fotografar os carros antigos. "Carro antigo faz parte de toda família. As pessoas passam e falam 'igual ao do meu pai, do meu avô', não tem idade, todo mundo tem uma história com um carro antigo", ressaltou.

O prefeito Sebastião Melo participou da comemoração e ressaltou o caráter diverso do Brique. "É um local de pensar diferente. Porto Alegre é uma cidade linda, começando por esse parque que é o parque dos parques. O Brique se consolidou como um dos espaços mais agradáveis de convivência urbana", destacou. Sobre a depredação na Redenção, ele disse que o local passa por constantes reformas, mas que é necessário compartilhar o cuidado com a sociedade. "Os espaços público é o que existe de melhor em uma cidade, mas tem que ser usado com responsabilidade. A depredação é um problema sério na nossa cidade", reconheceu.

LEIA TAMBÉM: Projeto de lei propõe regulamentar feiras ecológicas em áreas públicas de Porto Alegre

Sobre o Brique

O Brique da Redenção foi criado em 1978 e desde 1982 funciona na extensão da Avenida José Bonifácio. Foi fundado como uma feira a céu aberto inspirado no modelo do Mercado de Pulgas em Montevidéu e na Feira de San Telmo em Buenos Aires. Em 2005, foi sancionada a lei que declara o Brique da Redenção Patrimônio Cultural do Estado. O maior segmento de expositores na feira é o de artesanato, com mais de 180 bancas, seguido de 66 de antiguidades, 26 de artes plásticas e seis de espaços gastronômicos. 

Banrisul desponta como protagonista do ecossistema de inovação do RS no South Summit Brazil

Banco estadual está com estande montado no evento

O Banrisul consolida sua atuação no cenário de tecnologia ao marcar forte presença no South Summit Brazil 2024, no Cais Mauá, em Porto Alegre. Apoiador do evento pelo terceiro ano consecutivo, o Banco reafirma seu posicionamento como impulsionador do ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul.

A instituição conta com dois espaços exclusivos para receber os visitantes. No estande localizado no Marketplace, o time do Banritech – Programa de Inovação Aberta do Banrisul – está à disposição para conversar com interessados em conhecer as oportunidades de aceleração de startups que o Banco oferece. No local, ainda, um fotógrafo capta imagens dos participantes, que podem levar para casa a foto impressa como recordação do evento. Já na Sunset Street, o Banco dispõe de um ambiente reservado para reuniões, eventos e demonstração de soluções oferecidas pela Vero.

O Banrisul também tem participação ativa no cronograma de palestras e painéis do South Summit Brazil. No dia 20 de março, a diretora Administrativa do Banco, Elizabete Tavares, realiza uma apresentação como keynote. Sua palestra, intitulada “Navegando pelas complexidades da Inteligência Artificial (IA): desbloqueando o potencial colaborativo”, aponta perspectivas sobre o impacto da IA em modelos de negócio. Ademais, a dirigente discorre sobre a importância da colaboração para a superação de desafios de forma eficiente, rentável e ética no cenário corporativo.

Durante o evento, representantes do Banco também integram painéis sobre estratégias para captação de recursos para desenvolvimento de novos negócios, inteligência artificial e meios de pagamento.

Um banco conectado com a inovação

Nos últimos anos, o Banrisul vem ganhando destaque por uma série de ações de fomento ao ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul, adotando iniciativas que demonstram o seu interesse em manter-se atualizado e competitivo em um cenário marcado por constantes transformações.

O Banritech atua no desenvolvimento de novas soluções tecnológicas por meio do incentivo ao empreendedorismo. O Programa promove a conexão entre o Banco, universidades, institutos, centros de pesquisa e startups. Dois ciclos de aceleração já foram lançados, tornando possível o crescimento e maturação de mais de 60 jovens empresas.

Além disso, o Banrisul já lançou quatro Editais de Inovação, concedendo mais de R$ 60,6 milhões em crédito para fortalecer negócios inovadores, por meio de linhas de crédito da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O Banrisul também é sócio fundador do Instituto Caldeira, hub de inovação e tecnologia localizado no Quarto Distrito, em Porto Alegre; patrocinador Master do NAVI, hub de ciência de dados e inteligência artificial, também na capital gaúcha; e patrocinador do Pacto Alegre, acordo entre instituições de ensino, governo, empresas e sociedade civil para estimular o empreendedorismo colaborativo em Porto Alegre.

Grandes marcas mostram
inovação no South Summit

South Summit Brazil teve painéis com líderes de grandes marcas com suas estratégias

South Summit Brazil teve painéis com líderes de grandes marcas com suas estratégias

TÂNIA MEINERZ/JCPara quem buscou novidades no mundo varejista na edição do South Summit Brazil que se encerrou na sexta-feira passada, em Porto Alegre, o banquete foi de alta qualidade. Todos os temas que pautam o setor passaram pelos painéis que traziam conexão com o segmento, desde pura tecnologia para elevar resultado traduzido hoje pela Inteligência Artificial (IA) aos modelos de gestão e eficiência de grandes companhias que estão puxando inovação, entendendo o consumidor e valorizando times. Por três dias, a Capital, via South Summit Brazil, foi uma NRF Retail's Big Show, o evento icônico de Nova York. A seguir quatro exemplos, para dar um gostinho.    Ponto BB para universitários no RS
"É varejo, varejo total", avisa Tarciana sobre novo modelo de agência do BB

"É varejo, varejo total", avisa Tarciana sobre novo modelo de agência do BB

/TÂNIA MEINERZ/JCO Rio Grande do Sul vai receber a primeira unidade voltada à clientela universitária com a nova cara e conceito de agência do Banco do Brasil (BB): o Ponto BB, como foi anunciado no começo de março pela instituição. A unidade deve ser instalada em um dos campi da Ufrgs, onde já tem agência. O novo banco físico deve se ajustar ao perfil da região e do público e não lembra nada uma agência convencional. Em entrevista exclusiva à coluna, a presidente do BB, Tarciana Medeiros, falou como será o Ponto BB e avisou que cada unidade vai ser de acordo com a região e o público onde está. Tarciana, primeira mulher a ocupar a presidência do banco em mais de 200 anos, afirmou que o Ponto BB não é agência bancária: "É varejo. Varejo total", avisa a executiva, que participou do South Summit Brazil ao lado da presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza, Luiza Trajano. "O Ponto BB é a experiência phygital (fusão de físico e digital) do Banco do Brasil. A gente leva ao ponto físico o que temos no digital, fazendo a integração de onmicanalidade. O cliente vai ter inovações além do negócio bancário", avisa Tarciana.

Vulcabras: a aposta no esporte

Bartelle disse que a qualidade 
dos modelos é trunfo no mercado

Bartelle disse que a qualidade dos modelos é trunfo no mercado

/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC"A Vulcabras inovou muito e se especializou em esporte", destacou o CEO de um dos maiores grupos de calçados do Brasil, Pedro Grendene Bartelle, como uma das decisões que explicam o crescimento da operação. "Quando decidimos focar no esportivo, quase triplicamos de tamanho", citou o empresário, que apontou o desenvolvimento de linhas com alta qualidade em centro em Campo Bom, no Estado, é um dos segredos. Hoje o grupo é dono ainda da Under Armour e Mizuno no Brasil e pode comprar mais marca, adiantou ele. "Temos os melhores resultados setor. Hoje competimos em volume e alta performance esportiva", citou Bartelle. 
Ifood: IA para antecipar o pedido
Gurgel comanda testes que 
usam IA para ajudar nas entregas

Gurgel comanda testes que usam IA para ajudar nas entregas

/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JCTestar e pesquisar tendências para levar ao Ifood, líder nas entregas de alimentação. O recado foi dado por Marcos Gurgel, diretor de Corporate Venture e Inovação Aberta. Gurgel disse que a personalização e customização vêm com força total com aplicações baseadas em inteligência artificial (IA). “Antes do usuário abrir o aplicativo, já sei a hora que ele consome, o que gosta, que preço está disposto a pagar e já vou dar uma oferta mais específica do que a mera disponibilidade”, descreve Gurgel. As mudanças, garante o diretor, vão melhorar a vida do entregador e do restaurante.
Arezzo: inovação é sobrevivência
Birman apresentou a evolução da companhia e o papel das equipes

Birman apresentou a evolução da companhia e o papel das equipes

/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC"Inovação é questão de sobrevivência para a Arezzo", avisou o CEO do grupo, Alexandre Birman, enquanto desfilava a evolução da operação, a associação recente com o Soma (Hering e Farm) e mais mudanças que estão começando. O empresário valorizou muito a atuação das equipes à frente das coleções e da gestão, ao traçar a evolução das marcas sob seu comando. No novo grupo, com mais de 30 marcas, a previsão é de faturamento perto de R$ 13 bilhões este ano. O executivo disse que o nome do grupo sai em 15 de maio e revelou que serão abertas mais lojas da Farm nos EUA, entre elas uma flagship.